A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL E SUAS RELAÇÕES ENTRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL NOS SÉCULOS 20 E 21

 Autor: Ademilson Marques de Oliveira 

Na trajetória da Educação do Sistema Educacional Brasileiro, depara-se com diversas abordagens acerca desse tema; A história de descaso com a educação é longa e antiga.

Entretanto, somente com a Constituição de 1934 que ocorreu a primeira constituição no Brasil que efetivamente vinculou recursos orçamentários para a educação, e então, foi estabelecido a gratuidade e obrigatoriedade de prestação de serviços educacionais, mas muito aquém da realidade. Entretanto, vale ressaltar que a partir de 1930, o estado brasileiro passou a dar mais atenção à expansão do ensino primário.

Infelizmente, com a Constituição de 1937, de maneira geral, a educação pública brasileira teve vários retrocessos. Caracterizou-se de forma centralizadora, bem como para assegurar privilégios ao ensino particular, consideravelmente desproporcional ao ensino público da época.

Já a Constituição de 1946 pode ser considerada o marco de um período de redemocratização do Brasil. Momento em que o povo brasileiro voltou a discutir a necessidade de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Neste contexto, aparece alguns movimentos sociais, entre eles as Ligas Camponesas e a utilização do Método Paulo Freire.

Porém, em 1967, tivemos outra Constituição elaborada no contexto da ditadura militar. Esta Constituição ampliou a obrigatoriedade do ensino para a faixa de 07 a 14 anos. Contraditoriamente foi permitido o trabalho de crianças com 12 anos de idade, o que significou um retrocesso, visto que a Carta de 1946 havia fixado a idade de 14 anos como mínima para o trabalho de crianças menores.

Outra Constituição foi confeccionada em 1969. Esta aprofundou natureza ditatorial do regime militar e manteve todos os prejuízos da Lei anterior quanto à filosofia e à política educacional.

Inconformados com tal políticas, surge o movimento denominado Comunidade Eclesial de Bases, (CEBs) ligada à Igreja Católica. O CEBs era uma porta de entrada dos movimentos sociais urbanos em busca por políticas públicas, como: criação de creches, transportes coletivo público, criação de postos de saúde e moradias, etc.

Ainda houve outros movimentos que questionaram diretamente o regime militar, como o movimento pela anistia e os movimentos políticos de resistência armada de setores que optaram pela guerrilha.

Já em 1980, a relação educação e movimentos sociais se acentua, por meio de trabalho de educação popular, lutas pelas “Diretas Já”, organização de propostas para a constituinte e a Constituição Federal. Os movimentos começaram a pautar novas agendas com novas demandas, alterando as políticas públicas vigentes. Aos poucos foram construídas redes de movimentos sociais temáticos, como conselhos e delegacia das mulheres, temas étnico-raciais, ambientais e etc.

No entanto, sem sombra de dúvidas, foi a Constituição de 1988 que apresentou uma concepção mais ampla da educação, com ela ficou garantidos ensino público gratuito em estabelecimentos oficiais, tais como: ensino fundamental, extensão do ensino obrigatório, ensino médio, atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos, valorização dos profissionais de ensino, com planos de carreira para o magistério público.

A Carta Magna atual trouxe várias novidades em relação as outras. É a única que oferece ensino público gratuita para todos os níveis, enquanto as outras só ofereciam gratuitamente o ensino de nível primário.

Portanto, no início da década de 1990, inicia-se a mudança no cenário político. Chega-se ao fim do Regime Militar. Dessa forma, ocorre a ascensão de setores da oposição a cargo no poder, onde acontecem a alteração da composição política. Assim, o país começou a reconstruir sua institucionalidade. Criou ONGs e fomentou o desenvolvimento do terceiro setor. Outro ponto importante neste período foi a ampliação nas políticas neoliberais e a reconstrução da Lei de Diretrizes Básicos da Educação (LDB).

No início do segundo milênio, depois de Cristo, é marcado por lutas pelo acesso à educação em todos os níveis, criação do PROUNI, Reestruração e Expansão das Universidades Federais (REUNI), aumento de vagas de ensino básico, inclusão do modelo de Gestão Democrática nas Escolas através da Constituição de 1988 e na LDB de 1996, desenvolvimento de ações através do Fórum Nacional de Luta pela Escola Pública e o Centro Unificados de Educação. Neste período foi notado realização de experiências alternativas e fomentação do ensino técnico, como a criação de cursos para formação de tecnólogos, tais como: gastronomia e hotelaria e etc. Também, vale registrar a Movimentação Nacional do EJA e o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA) que visavam a defesa da educação de jovens e adultos, visto que é um direito garantido na Constituição Brasileira.

Diante destes diversos fenômenos sociais ocorreram várias mudanças de forma de comportamentos, de modo especial na educação. Percebemos que o quantitativo de acesso à educação tem aumentado nos últimos anos. Será que a qualidade do ensino avançou também na mesma proporção? Os recursos destinados à educação são suficientes para o desenvolvimento do sistema educacional do país? Existem políticas de valorização dos servidores públicos do magistério com finalidade motivacional?

Estas indagações nos direciona a pensarmos a necessidade de avançarmos em políticas educacionais, para que tenhamos, de fato, uma sociedade mais desenvolvida e civilizada. Sabemos que é por meio da educação dos seus cidadãos que se revela as grandezas de um país.   


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